PROJETO VERÃO PANÁTICOS DE PLANTÃO – Nº 01/2005 {O VERÃO COM A SUA CARA É AQUI}
Beyoncé reencontra o destino
NICK DUERDEN
DO “INDEPENDENT”
São 18h de uma segunda-feira no West End londrino. A multidão que começa a voltar para casa, saindo do trabalho, tem seu percurso atrasado por um obstáculo incomum: o supergrupo americano de rythm’n’blues Destiny’s Child está em Londres para lançar o álbum “Destiny Fulfilled”.
Beyoncé Knowles, Kelly Rowland e Michelle Williams deram entrevista à MTV na Leicester Square (no centro da cidade), soltando todas as frases habituais. “Sim”, elas dizem ao VJ, “é ótimo estarmos juntas outra vez depois de passar dois anos fazendo projetos solo”. Não, Beyoncé não vai falar de seu namorado, o rapper americano megastar Jay-Z, mas revela que ela e suas colegas de banda não vêem a hora de começar a turnê mundial programada para 2005.
O Destiny’s Child é a banda de mulheres mais bem-sucedida de todos os tempos. Em seus sete anos de carreira, já vendeu 40 milhões de discos, não apenas pelo fato de sua música de vez em quando ser maravilhosa, mas porque suas integrantes são tremendamente motivadas e espertas.
Empresariada pelo pai de Beyoncé, Matthew Knowles, a banda procura cobrir o maior número possível de bases. Sua filha, a líder evidente do grupo, é uma superestrela muito própria do século 21, ao mesmo tempo cantora, atriz e rosto de campanhas publicitárias colossais (Pepsi, L’Oreal, Tommy Hilfiger e, mais recentemente, McDonald’s). Na condição de cantora principal e produtora executiva do grupo, Beyoncé é uma figura representativa das mulheres independentes em todo o mundo, mas curte ser um símbolo sexual que usa pouca roupa.
E é uma das poucas artistas que já apareceram tanto em eventos de hip hop nos EUA quanto em comícios republicanos (em 2001 ela se apresentou na posse de George W. Bush, texano como ela).
“Tenho um compromisso grande de chegar às pessoas em todo o mundo, de fazer com que conheçam nosso trabalho”, diz Beyoncé.
Ela nasceu há 23 anos, em Houston, Texas, filha de um vendedor, Matthew, e uma cabeleireira, Tina. Apesar de ser tímida, aos 9 anos já cantava em programas de calouros locais com sua prima Kelly Rowland. Quatro anos depois nascia o Destiny’s Child, com mais duas garotas locais, LeToya Luckett e LaTavia Robertson.
Em 1997, as garotas lançaram seu primeiro álbum, “Destiny’s Child”, e, na opinião de Beyoncé, se transformaram em “o grupo mais trabalhador da história”. Quando lançaram “The Writing’s On the Wall”, em 1999, Luckett e Robertson já estavam exauridas com o ritmo de trabalho frenético e foram forçadas a deixar a banda.
Mais tarde, processaram Knowles por favoritismo e quebra de contrato. A ação foi resolvida fora dos tribunais, mas, em 2001, as duas abriram outro processo, desta vez afirmando que a letra do single “Survivor” (“Agora que você está fora de minha vida, estou tão melhor/ você achou que eu ficaria fraca sem você, mas estou mais forte”) contrariava os termos do acordo.
Beyoncé não chorou a perda das duas colegas de banda e em pouco tempo as substituiu por duas integrantes novas, Farrah Franklin -que durou apenas cinco meses- e Michelle Williams, de Chicago, que continua.
Beyoncé ganhou a fama desagradável de ser dona de uma ambição sem limites. Essa reputação a deixou seriamente deprimida. Passou a resguardar sua privacidade a tal ponto que, hoje, se nega a comentar qualquer assunto de natureza particular.
Há dois anos, a banda anunciou uma pausa para que suas integrantes cuidassem de seus projetos solo. Elas já planejavam se reunir novamente para produzir um novo álbum do Destiny’s Child no verão americano de 2004, não apenas porque sabiam que já estariam sentindo falta umas das outras, mas porque, diz Beyoncé, já tinham pago pelo tempo de estúdio e começado a organizar uma turnê mundial para 2005. Qualquer atraso lhes teria custado muito dinheiro. Assim, apesar de cada uma ter uma carga plena de trabalho solo para tocar, elas se reuniram em agosto passado para uma rodada frenética de gravações que foi concluída em apenas três semanas.
“Parece que minha vida se reduziu a trabalhos e mais trabalhos de divulgação”, disse Beyoncé. “Acabei de promover meu álbum em todo o mundo, fiz um anúncio novo da Pepsi (com David Beckham e J-Lo), tive que promover o filme da Pantera Cor-de-Rosa, e agora estou aqui com um novo álbum do Destiny’s Child, que vai nos deixar ocupadas por pelo menos 12 meses.”
As moças contam que, depois de “Destiny Fulfilled”, vão querer tirar algum tempo, talvez bastante, para tentar levar vidas normais. Kelly Rowland gostaria de trabalhar numa sitcom. Michelle Williams quer fazer mais teatro, Beyoncé quer fazer mais cinema. A banda não vai terminar, dizem elas, mas só vai gravar outros álbuns futuros quando e como as moças quiserem.
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FOLHA DE SÃO PAULO