CONTINUAÇÃO…
Como o Pânico migrou para a tevê?
Foi idéia do Tutinha (Antônio Augusto Amaral de Carvalho, dono da Jovem Pan). Ele tinha montado um estúdio com câmeras aqui na rádio para um site dele, o Vírgula. Os programas começaram a ter muito acesso. Aí, o Tutinha falou: “Vou criar um programa para a televisão”. Ele pegou a fita e levou para a Band e depois para a Rede TV!.
Lá, o Marcelo (Fragali de Carvalho) e o Amilcare (Dallevo) disseram: “Vamos experimentar”. Aí foi aquele negócio, todo mundo falando que rádio não dava certo na televisão. O horário é muito difícil, é uma
disputa muito grande, com Faustão, Gugu. Foi que nem o desembarque na Normandia. Falaram: “Vamos desembarcar a tropa aqui e vocês vão lá e vêem o que acontece”. Tinha coisa que não funcionou na rádio e que lá funcionou.
O que, por exemplo?
O que mais deu certo foi criticar as celebridades, é o que as pessoas mais comentam. Isso surgiu de uma falta de celebridades. Ninguém queria vir ao programa. A gente fez o primeiro e o Júnior foi. Já era ouvinte da rádio e topou. O programa ficou legal. Então, falamos:
“Bom, agora todos os artistas vão vir”. Só que não foram.
O Pânico dá pânico nos artistas?
Não, não é isso. É que a gente não tem prestígio, o artista prefere ir à Globo e ao SBT. Foi aí que veio a idéia do Repórter Vesgo e do Silvio Santos, de eles irem onde essas pessoas estão.
Como o programa sobrevive com tão pouca verba?
No início, a verba de produção era de R$ 1,2 mil por semana. Agora aumentou para R$ 2,5 mil. Antes não éramos contratados da Rede TV!, agora somos. Mas tem que ser aos poucos mesmo. Ninguém vai enfiar rios de dinheiro num bando de caras que vêm de rádio. Tudo bem se você fosse contratar Os Trapalhões, o Tom Cavalcante, o Casseta & Planeta, daí você investe.
Qual a sua ambição para o Pânico?
A minha única preocupação é conseguir deixar o programa com um nível legal toda semana. E isso é difícil porque a gente não tem dinheiro, prestígio e presença de artistas. A gente queria fazer a brincadeira de colocar uma peruca do cantor Roberto Carlos no jogador Roberto Carlos. Ele disse não. Mas no programa do Luciano Huck ele foi vestido de mulher, toda a Seleção Brasileira foi vestida de mulher e fizeram uma novelinha. Ele tem prestígio, é da Globo. Mas talvez com o tempo a gente consiga esse prestígio, não sei.
Qual é a marca do programa?
É o quadro “Sandálias da Humildade”, porque caiu no gosto das pessoas, se tornou popular. Ser humilde não chega a ser uma virtude. Mas, é que na verdade tem muito artista que se acha muito mesmo, então, com as “Sandálias”, fica todo mundo com medo.