4 de maio de 2005 Off Por OldSchool

Pânico na TV cresce com fortes pitadas de humor trash


 


Sucesso do momento, programa está calcado na paródia, provocação e no constrangimento dos entrevistados.

 


 

Luís Fernando Ferreira de Araújo

 

A imagem da televisão é uma representação, um simulacro do mundo. Estamos cercados de imagens em nossas vidas, e a televisão acrescenta algumas mais, remetendo-nos a uma infinidade de novas possibilidades, que estimulam nossa imaginação. Algumas delas, contrariando esta lógica e, por isso, revelando o humor, desafiam o limite entre o que se julga ser o comportamento normal, comum, real e um tipo de comportamento que extrapola as regras de conduta e convívio sociais.

É o que se vê no programa Pânico na TV, apresentado pela Rede TV aos domingos. Um programa humorístico, puramente trash, cujo carro-chefe é o quadro de entrevistas com as celebridades da televisão, num tom de total escárnio, repleto de piadas – algumas de tom grosseiro – e sátiras, apresentado pelo repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa) e pelo imitador de Silvio Santos (Welligton Muniz, mais conhecido como Ceará, na foto). Quadro que se tornou notório com a brincadeira das Sandálias da Humildade, na qual os repórteres insistem à exaustão com a entrega das tais sandálias – à guisa de prêmio – para celebridades tidas como antipáticas ou pernósticas como Clodovil ou Luana Piovani.

A participação de Sabrina, ex-Big Brother Brasil, é hilária, sempre vítima do deboche dos demais colegas e muitas vezes defrontada com situações vexatórias, porém sempre mantendo o bom humor. Além do sexy apeal, marca-se sua participação pelo seu sotaque arrastado e o seu bordão “é verdade”. Digno de nota também são o Mendigo (Carlos Alberto da Silva) com suas tiradas e a presença da sósia de Marlene Matos, além da mulher samambaia. O programa é conduzido, em auditório, e ao vivo, pelo líder Emílio Surita.

O programa tem paródias dos programas do Gugu com o Táxi do Gluglu, do Netinho com Um Dia de Pobreza sempre com uma celebridade do meio artístico e do Milton Neves imitado pelo mendigo.

A audiência deste programa vem crescendo nos domingos, pois a liberdade na condução do programa, sem a preocupação com a programação de outras emissoras, permite que ali se mostre espontaneidade, produto raro na televisão atual.

Convenhamos que a programação de domingo na televisão está muito chata. Alternativas, como Pânico na TV, vêm para fomentar a reformulação das grades das emissoras líderes, pois o telespectador parece estar aderindo ao humor escrachado da trupe do Pânico. Pode ser apenas uma onda, já que tudo na televisão é efêmero. Na verdade, esse tipo de programa tem público certo, mas não pode cair na tentação de repetir-se a si mesmo para não enjoar. Além disso, não demora aparece algum outro grupo com proposta semelhante, pois, já dizia o velho guerreiro, “na televisão nada se cria tudo se copia”.