Show do Chemical Brothers foi tão frio quanto a noite paulistana
->Irmãos Ed Simons e Tom Rownlans, em SP
Música eletrônica no meio da semana e num estádio de futebol. Se na teoria a fórmula parece pouco provável, na prática o Chemical Brothers a reforçou ainda mais fazendo um show fraco para cerca de 20 mil pessoas na noite de quarta-feira no Pacaembu, em São Paulo.
O público abaixo do esperado, que deixou as cadeiras e arquibancadas do estádio vazias, e o intenso frio da noite paulistana atrapalharam ainda mais o ânimo da dupla Ed Simons e Tom Rowlands, que tocaram no país pela segunda vez. A primeira foi em 1999, num clima muito mais intimista, na casa Via Funchal, para 6 mil pessoas.
“Hey Boy Hey Girl” e “Get Yourself High” abriram a apresentação levantando o público e tornando o Pacaembu numa pista de dança gigantesca, num dos raros momentos de empolgação dos fãs. Outros destaques foram “The Golden Path” e “Setting Sun”.
No palco, uma parafernália de equipamentos e três telões exibindo imagens rápidas, além de lasers e um poderoso jogo de luzes. O apelo visual dos shows da dupla é notório. As imagens têm uma importância tão grande que não há uma luz sequer focalizando os músicos.
Tudo gira em volta das imagens psicodélicas e animações esquisitas com um único objetivo: deixar a platéia em transe. E isso o Chemical Brothers conseguiu.
Mas é difícil dizer que o duo acertou no alvo. A forma como são colocados no palco em segundo plano, além do local pouco convencional para eventos desse tipo, deixou alguns fãs deslocados.
Nem o status de um dos maiores nomes da música eletrônica foi capaz de melhorar a situação. Era fácil encontrar pessoas paradas ou apenas conversando com amigos, mesmo quando o grupo tocou um de seus maiores hits, “Block Rockin’ Beats”.
“Foi uma noite interessante, mas nada tão mágico como o primeiro show deles no Brasil”, disse Reinaldo Andreatta, 36 anos, guitarrista da banda Sufrágio, que já viu quatro apresentações da dupla.
“Das performances que eu vi, esta foi a mais truncada. Eles soltaram poucos hits e ficaram muito amarrados em viagens sonoras, fazendo modulações de frequência”, disse o músico.
Para a fã Ligia Carnicelli, de 22 anos, o local também não ajudou. “Ficou estranho o show acontecer num estádio, muito impessoal.”